"Aaah meus quinze anos"… Quando eu ouvia minha mãe dizer isso não entendia direito como alguém tinha tanta saudade dessa época. Me lembro como se fosse ontem, lá estava eu, no meio do colegial, de aparelho fixo e cabelo esquisito, tentando me encontrar em um mundo onde o que você tinha parecia ser mais importante do que o que você era. Um mundo onde minha insegurança era gritante e a incerteza do futuro me deixava de cabelos brancos. Era uma época onde os professores pareciam não entender que eu tinha muito mais coisas interessantes pra fazer do que passar a tarde inteira "trancada" em casa fazendo dever, enquanto passava A Lagoa Azul pela milésima vez na TV. Era um mundo onde levar um fora dos caras dos sonhos era coisa constante e despedaçava corações, acabando com qualquer possibilidade remota de alegria pelos próximos 200 anos. Vale lembrar que era uma época também em que o CD da Avril Lavigne era caro demais pro meu bolso, afinal, nos meus 15 anos eu ainda não tinha meu rico dinheirinho e não era dona do meu proprio nariz. Era "obrigada" a passar a tarde na casa da melhor amiga se eu quisesse escutar os CD mais legais, porque ela ganhava mesada e eu não. Cantávamos as músicas com a letra toda errada e escovas de cabelo viravam microfones. E quando eu menos esperava, lá estava meu pai me buscando, pois já era hora de ir embora pra casa. Quando eu queria algo, tinha que pedir, as vezes implorar e "fazer por merecer"...e no final já nem lembrava mais o que queria!
Fora isso todo meu tempo livre era para estudar e garantir boas notas, quase um trabalho escravo, vamos combinar, né? Liberdade pra quê? Nos meus 15 anos eu tinha que lavar louça depois do almoço da família toda e manter meu quarto em ordem, ai de mim se fosse dormir sem antes arrumar tudo. Ah é! E nos meus 15 anos querer não era muito bem poder. Era tooodo um processo. "Pede pra sua mãe", "fala com seu pai"… Vida dura essa de não poder resolver tudo por si só. Um absurdo. Ainda bem que tinha a internet e os finais de semana ocupados com isso para desabafar todo meu drama pessoal com amigos novos no ICQ e nos muitos blogs que criei na vida.
… Hoje com 27 sou grata por ter ficado em casa "trancada" muitas tardes fazendo dever, por ter levado foras e quebrado o coração, por ter errado…muito! E principalmente por ter tido alguém a quem pedir permissão para fazer algo, mesmo quando a resposta era um não bem grande. Hoje quando olho pra trás não sei dizer se faria algo diferente pois entre esses dramas de adolescente, erros e acertos, eles me tornaram a melhor versão de mim que eu poderia ser. Experimentei tudo isso naturalmente e hoje, quando me lembro dos 15, lembro com saudade, de um tempo em que tudo era MUITO simples e eu não sabia - ou sabia e jurava de pés juntos que não, porque contrariar fazia parte.
Este post é inspirado e dedicado ao livro "De Volta Aos Quinze" da querida autora e blogueira Bruna Vieira, que inspira muitos jovens e adultos por aí a serem a melhor versão que podem ser deles mesmos agora <3
De todos os textos que já li sobre esse livro com certeza o seu foi o mais perfeito ><
ReplyDeleteCaramba lembrei de tudo com muita saudade! Te amo Chatonilda!!
ReplyDeleteAdoro a Bru, ela é linda! E adorei o texto, é a mais pura verdade.
ReplyDeleteMartha, após assistir ao vídeo da Bru vim para aqui.. e me deparo com um texto super lindo.. parabéns você me transportou para meus 15 anos e olha que ainda não li o libro da Bru e a cada dia me dá mais vontade de ler... parabéns mesmo ganhaste mais uma fã. =*
ReplyDeleteEllen GGuria Borges